quinta-feira, 22 de novembro de 2012

IBGE: desemprego no Brasil cai a 5,3% em outubro e renda sobe

RIO DE JANEIRO, 22 Nov (Reuters) - O desemprego brasileiro caiu para 5,3 por cento no mês passado, ante 5,4 por cento em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, atingindo o menor nível para outubro desde o início da série histórica em 2002 e dentro do esperado pelo mercado.

Ao mesmo tempo, o crescimento do rendimento médio da população acelerou um pouco no período, também com aumento da população ocupada.

Pesquisa da Reuters mostrou que, pela mediana das previsões de 25 analistas consultados, a taxa recuaria para 5,3 por cento. As estimativas variaram de 5,0 a 5,6 por cento.

Com o resultado do mês passado, a taxa de desemprego permanece perto do recorde de 4,7 por cento registrado em dezembro do ano passado.

O IBGE informou ainda que o rendimento médio da população ocupada subiu 0,3 por cento no mês passado ante setembro, e subiu 4,6 por cento sobre outubro de 2011, atingindo 1.787,70 reais. Em setembro, a variação mensal havia sido positiva em 0,1 por cento.

O nível baixo de desemprego e o aumento da renda ajudam a atividade econômica brasileira, num momento em que ela ainda mostra sinais conflitantes de recuperação, ainda abalada pela crise internacional.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), indicou que a economia acelerou o ritmo de expansão no terceiro trimestre, mas a fraqueza em setembro mostrou que essa recuperação ainda não ganhou força.

No mês passado, a população ocupada cresceu 0,9 por cento na comparação com setembro, avançando 3,0 por cento ante o mesmo período do ano anterior, totalizando 23,366 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas avaliadas.

Já a população desocupada, segundo o IBGE, chegou a 1,314 milhão de pessoas, queda de 0,9 por cento ante setembro e 5,1 por cento menor sobre um ano antes. Os desocupados incluem tanto os empregados temporários dispensados quanto desempregados em busca de uma chance no mercado de trabalho.

Entre outubro e setembro, informou o IBGE, o setor que mais contratou foi o da construção civil, com crescimento de 4,5 por cento, ou 80 mil pessoas.

(Por Rodrigo Viga Gaier; Texto de Patrícia Duarte; Edição de Camila Moreira)

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Evolução do PIB entre 2003 e 2011 foi de 40,9% no país e 47,6% em PE


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Até outubro, alta do IPCA foi de 5,45% no Brasil e 6,86% no Recife.
Katherine Coutinho
Do G1 PE

Carlos Hamilton Araújo, do Banco Central
(Foto: Katherine Coutinho/G1 PE)

O crescimento acumulado do Produto Interno Bruto de Pernambuco (PIB) entre 2003 e o terceiro trimestre de 2011 foi maior que o brasileiro. Enquanto o país cresceu 40,9% no período, o estado teve um avanço de 47,6%. Junto a isso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve uma alta no Recife maior que a observada no Brasil – enquanto o IPCA brasileiro acumulado em 12 meses, até outubro de 2012, foi de 5,45%, na capital pernambucana foi de 6,86%. Os dados fazem parte do Boletim Regional Trimestral do Banco Central (BC), apresentado em evento no Recife, nesta quinta-feira (8).
A alta no IPCA, explica o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, foi puxada principalmente pelo reajuste das mensalidades dos planos de saúde, de 7,71%, tarifas de ônibus urbanos (7,52%) e dos produtos farmacêuticos (4,03%). “Além disso, temos o aumento dos preços da gasolina, de 7,6%”, detalha Araújo.
A economia pernambucana, de acordo com o boletim, vem se mostrando mais resistente às crises econômicas. Ao contrário do que acontece no Nordeste, a economia no estado tem uma forte influência da administração pública estadual e dos serviços industriais de utilidade pública, como produção de energia elétrica, enquanto a agropecuária não teria tanto peso. “Nós observamos que, no período 2008-2012, a economia de Pernambuco cresceu em média 4,1%. Muito mais que o 2,6% observado em nível nacional e também o 3,6%, em nível regional”, pondera o diretor de Política Econômica do BC.
A tendência, segundo Araújo, é do crescimento do estado se manter nos próximos anos. “Aqui nós temos um conjunto de projetos de investimento que estão em andamento ou foram anunciados e estão para se concretizar, de acordo com a Seceretaria de Desenvolvimento Economico, em torno de 40% do PIB do estado. Mesmo que metade desses projetos não sejam concretizados, nós teríamos 20% do PIB de Pernambuco, o que antecipa para os próximos anos o bom desenvolvimento que a economia vem apresentando e que vai continuar”, acredita o diretor.
O crescimento da economia traz, junto a si, uma queda do desemprego no Recife, cujo índice se aproxima cada vez mais da média nacional, segundo Araújo. “Nós víamos uma redução no desemprego em todo o país. Por que isso não ocorria tanto no Recife quanto em Salvador, era algo que nos questionávamos. Algo fazia com que as taxas de desemprego aqui fossem muito elevadas. Temos algumas explicações, mas eu acho que, olhando de 2008 a 2012, a gente vê uma média de recuo de desemprego do Recife, que converge para a média nacional. A explicação para isso é o crescimento da atividade econômica”, afirma o diretor do BC. Enquanto a taxa nacional de desemprego é de 5,7%, a da capital pernambucana fica nos 6%.
Apesar dos bons números da economia de forma geral, a seca prejudicou a agropecuária, em especial a produção de grãos, que teve uma queda de aproximadamente 60%, apenas na produção de feijão, afirma Araújo. “A seca prejudicou a produção de grãos, tanto no Nordeste, quanto no Sul. Tivemos nesse ano problemas tanto com seca, quanto com chuvas excessivas, o que puxou o preço dos produtos naturais”, diz.
A inflação na cidade do Recife nos últimos doze meses também é um dado preocupante: está acima da média nacional, atingindo 6,7%, enquanto o Brasil tem 5,45%. Apesar dos números ainda estarem além da meta do país para 2012, que é de 4,5%, o estudo do Banco Central aponta para a convergência. “Já vemos alguns preços caindo, acredito que vamos atingir a meta”, diz o diretor de Política Econômica do BC.
Outro ponto negativo está na balança comercial de Pernambuco, que era equilibrada até 2007, e passou a ser deficitária. “O primeiro ponto é a importação de material para a fábrica de garrafas PET instaladas no estado e a importação de combustível, entre outros pontos que fizeram o estado importar mais que exportar”, explica Araújo.
Programas sociais

O Balanço Regional do BC mostrou também a influência dos programas sociais de transferência de renda sobre a economia do país, refletidos principalmente na venda a varejo, cujo crescimento no Nordeste é superior que o nacional. “No Nordeste, 56% dos trabalhadores ganham até um salário.
Em Pernambuco, 48%. Entretanto, se observamos o que aconteceu nos últimos anos no Brasil, houve um crescimento grande do salário mínimo, o que impacta mais naqueles locais onde a renda é mais ligada a esse benefício. O peso desses programas sociais, ajustado pelo PIB da região, é o dobro no Nordeste do que é medido no país todo”, afirma Araújo.
Varejo

Pernambuco tem uma posição intermediária em termos de vendas no varejo, acima do Brasil, mas abaixo da média regional. Considerando-se o período dos últimos 12 meses, as vendas em agosto subiram 8,6% em comparação com o mesmo período de 2011. Ao incluir as vendas de carros e material de construção, o crescimento no trimestre é de 6,5%, 2,4% a mais que o trimestre encerrado em maio.
Produção industrial

O Nordeste se recuperou da crise econômica de 2008/2009, mas depois sofreu uma perda, explica Araújo. “Parte dessa perda nós devemos à queda na indústria sucroalcooleira e parte à indústria petroquímica da Bahia. Ainda assim, nós poderíamos afirmar que a produção industrial retomou a tendência que ela vinha observando antes da crise”, afirma o diretor.

domingo, 4 de novembro de 2012

Qual é o papel das empresas na construção de um mundo globalizado justo?


Em palestra no Global Alumni Reunion, professor Antonio Argandoña, do IESE, explica quais os pilares da administração que as empresas devem ter para sobreviver no mercado

Na era industrial, no século 19, quando o assunto era o lucro das empresas, não importava o modo, a maneira e como faziam. O interessante sempre era baixar ao máximo as despesas para ganhar mais dinheiro. Exploração de trabalho, parcerias de negócios desonrosas e empresários sem escrúpulos faziam parte da rotina de muitos profissionais.

Há, por incrível que pareça, dois séculos depois, empresas que se portam semelhante ao que acontecia no passado. No entanto, existe uma diferença bem grande de acordo com Antonio Argandoña, professor em Economia e Ética nos Negócios da IESE Business School: empresas e executivos que mantém essa postura estão fadados ao fracasso.

Em sua palestra no Global Alumni Reunion, realizada em São Paulo, o professor explica que é fundamental a participação das empresas na construção de um mundo global justo e que os próprios clientes estão de olhos mais atentos na postura das organizações.

Para Antonio Argandoña, a base de uma boa administração está baseada em alguns pontos: "A administração é uma tarefa de três dimensões: ética, social e econômica. Ela é uma constante trajetória e nunca um resultado. A dimensão ética está na promoção de atitudes, valores e virtudes. A questão social está relacionado ao meio que ela fica e à satisfação do consumidores. Já a parte econômica tem a ver com a própria sustentação e suporte da organização", explica o professor.

Foto: Fábio Bandeira de Mello/Administradores.com
Antonio Argandoña, em sua palestra no Global Alumni Reunion   

Problemas para superar

Algumas das barreiras que existem em muitas empresas, estão relacionadas diretamente ao que a sociedade prega, destaca o professor. "A sociedade promove a individualidade nas pessoas. Mas será que precisamos de individualismo na empresa? Uma organização não é feita de uma pessoa. Parece que, as vezes se esquecem disso", questiona Antonio Argandoña.

Um tema que gera grande repercussão é a questão da sustentabilidade e da responsabilidade social. Problemas como aquecimento global, fome pelo mundo, questões ambientais e ensino precário são temas que cada vez mais preocupa o mundo. No entanto, o professor da IESE Antonio Argandoña ainda acredita que vivemos um processo que está, na maioria das vezes, apenas no discurso. "Como não conseguimos culpar especificamente ninguém sobre esses problemas, acabamos lavando as mãos. Mas a questão é que todos temos responsabilidades", relata.

Refletir para melhorar

Um dos caminho para fomentar uma melhoria nas três dimensões da Administração (ética, social e econômica) está na reflexão, destaca o professor. " Reflexão sobre o que é minha empresa? Qual é a missão externa e interna da minha empresa? Como posso satisfazer meus funcionários? Isso exige participação de todos, fornecendo treinamento, em um objetivo comum. Isso, sem dúvida, trará um impacto positivo nas pessoas, na empresa e na sociedade.