terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Pequenos negócios aquecem economia das cidades litorâneas

O turismo nas cidades litorâneas provocou nos últimos anos forte impacto na chamada economia de praia. Entre 2005 e 2012, a abertura de pequenos negócios nas principais cidades litorâneas do país cresceu 175%, segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Em 2005, eram 25,5 mil pequenos negócios envolvidos com a venda de produtos e serviços na praia. Em 2012, esse número ultrapassou a casa dos 70,3 mil” contabiliza o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

Segundo o presidente, as atividades ligadas ao artesanato e à alimentação foram as que tiveram o melhor desempenho durante o período analisado. A quantidade de formalizações entre os artesãos que fabricam bijuterias e suvenires cresceu 363%. Já os empreendimentos de micro e pequeno porte que trabalham com alimentação tiveram um aumento de 165%, impulsionado pela formalização dos ambulantes – de 198, em 2005, passou para 2,4 mil, em 2012, ou seja, um aumento de quase 1.120%.
Somente na cidade do Rio de Janeiro, o número de estabelecimentos que se beneficiaram dos turistas atraídos pelo verão e pelas praias passou, no período analisado, de 9,7 mil estabelecimentos de pequeno porte – aqueles que faturam até R$ 3,6 milhões anualmente- , para quase 26 mil, em cinco anos. As atividades beneficiadas vão desde alimentação e hospedagem até passeios de barco e produção de bijuterias.
 
A orla carioca reúne mais de 900 barracas que, juntas, geram R$ 1,53 milhão por mês. De acordo com outro estudo feito pelo Sebrae, os quiosques têm, em média, três ajudantes e beneficiam cerca de 12 mil famílias. Essa pesquisa foi realizada entre 2009 e 2012, como parte do projeto Praia Legal, iniciativa da instituição e parceiros como a Secretaria Municipal de Ordem Pública e a Associação do Comércio Legalizado de Praia (Ascolpra).
 
Como a praia é um dos símbolos mais fortes da cidade, os donos dos quiosques sabem que um detalhe a mais pode representar uma grande diferença no faturamento e, por isso, se esmeram para surpreender os turistas com serviços diferenciados e, assim, fidelizar o cliente.
 
À frente de uma barraca na areia do Leblon, um dos pontos mais nobres da orla, Vanda Pires, que se formalizou há cerca de três anos como Microempreendedora Individual (MEI), trabalhadora autônoma com receita anual de até R$ 60 mil, oferece mimos a clientes preferenciais. A ex-comissária de bordo e seus três filhos, cada um com sua barraca, têm a vantagem de atender os estrangeiros em três idiomas: inglês, francês e alemão.
 
Qualidade no atendimento
 
Atendimento personalizado também tem sido a chave do sucesso para Jadílson Martins Pereira da Silva. Em Ipanema, ele oferece aos seus clientes guarda-volumes, água doce para tirar a areia dos pés de quem está indo embora e até segurança para vigiar a barraca enquanto o visitante toma um banho de mar. Formalizado como MEI em janeiro de 2010, ele fez um curso pelo Sebrae de Abordagem ao Cliente e vai lançar uma nova oferta neste verão: petiscos feitos em casa.
 
Aos pais que desejam ter mais controle sobre os gastos dos filhos durante o passeio, muitas barracas combinam previamente o limite de crédito de consumo das crianças. Para quem não quer deixar a praia para comer uma refeição mais elaborada, os restaurantes próximos à orla já oferecem o serviço de entrega de comida. Outro diferencial importante da cidade é usar a confiança como moeda. A palavra do cliente é aceita como garantia do pagamento na maior parte das barracas.
 
O presidente da Associação do Comércio Legalizado de Praia (Ascolpra), Paulo Juarez Vargas da Silva, diz que muitos quiosqueiros fizeram cursos no Sebrae para se aprimorar. A associação oferece, inclusive, aulas de noções básicas de inglês, que acontecem uma vez por semana.
 
“Defendo uma capacitação constante, porque esses profissionais precisam se modernizar cada vez mais. Além de oferecerem um bom serviço, também precisam saber como tratar o lixo, por exemplo. Eles trabalham na praia, nosso melhor cartão de visitas”, diz o presidente da Ascolpra.